17 de fevereiro de 2019

O retorno é bem distante do lugar onde estacionaríamos o carro. O bairro, penso eu, já teve sua época; virou um amontoado de suor, calor. Vermelho no semáforo, tem-se a visão lateral de um cruzamento logo adiante.

O ponto de ônibus fica à uma quadra depois desse cruzamento, então eu não fazia idéia do porquê de uma pessoa estar parada na esquina, embaixo de um poste cheio de cabos de alta tensão, tão emaranhandos quanto o trânsito daquela manhã. Ela espera por algo. A mulher fita o horizonte. Um pombo que cisca daqui, que cisca de lá, indo e vindo pela calçada, a tira do risco. A atração da mulher pela dinâmica do animal, que bica ferozmente coisas inúteis pela calçada, ressoa tão complexa quanto o emaranhado dos fios de alta tensão.

Verde no semáforo, buzinas ao vento. O pombo se assusta e dispara em um estrambelhado vôo sem norte. À espera de algo a mulher volta a fitar o horizonte, enquanto o verdadeiro local do ponto de ônibus se encontra mais à frente, abarrotado de pessoas.

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